a esparrela do Ctrl+C, Ctrl+V
IMPRENSA VIRTUAL É o tempo da popularização da informação midiática e jornalística. As pessoas ultimamente querem estar sempre atualizadas sobre seus assuntos prediletos, esporte, política, moda, comportamento, saúde, economia... Todos eles - na sua página inicial da internet - alinhados prática e dinamicamente numa coluna à esquerda do monitor ou resguardados de forma estratégica e de fácil acesso num agregador pessoal de feeds.
Essa busca pela informação não sofre falta de oferta, pelo contrário: ela é muito maior que a procura, mesmo no Brasil, cujo índice de usuários com internet à mão ainda é baixo. Isso barateia a informação e amplifica seu acesso mais do que antigamente, quando se tinha que comprar jornais e revistas para acessar o jornalismo periódico impresso. Por um lado isso é muito saudável, porque aumenta a concorrência entre sites, que tentam proporcionar sempre uma busca pela melhor qualidade da informação o mais rápido possível. Por outro é negativo, porque os sites de notícia acabam caindo na tentadora esparrela do Ctrl+C, Ctrl+V, em que um site vai copiando a informação do outro sucessivamente, até que todos estejam com as mesmas coisas publicadas, muitas vezes pouco mudando o texto de um site para outro.
A informação, no meio virtual, significa mais "6 conjunto de atividades que têm por objetivo a coleta, o tratamento e a difusão de notícias junto ao público" do que "7 conjunto de conhecimentos reunidos sobre determinado assunto" (Dicionário HOUAISS). Mas essa premissa de que o que interessa é a mera informação jogada sintética e cruamente aos olhos do público leitor é bastante duvidosa. Muita gente ainda paga (não por falta de opção, mas porque quer pagar) para ter acesso a notícias mais elaboradas e reportagens mais bem feitas. Um bom exemplo disso é o jornal norte-americano "Wall Streel Journal", que "nunca abriu o site e tem hoje uma base de assinantes online de pouco mais de um milhão de pessoas que pagam US$5,00 por mês."[1] Dessa forma, o jornal preserva as suas notícia e disponiliza para o leitor colunas, espaço de opinião selecionada, entrevistas e reportagens, tudo isso com um viés mais crítico de que carece os sites de notícias na internet.
É claro que na internet há espaços como fóruns, grupos de discussão, de comentários etc. para que se opine sobre determinado assunto. Mas esses espaços, ou melhor, o público que neles escreve, sofrem da anomalia do "tudo publicável". O Ctrl+C, Ctrl+V da reportagem dá carta branca para que qualquer um escreva qualquer asneira ali, tornando o espaço de discussão uma ferramenta bastante útil nas mãos de pessoas com opiniões um tanto quanto esquizofrênicas.
Sou incondicional defensor da frase-clichê de Voltaire: "Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo." Sou igualmente desejoso de uma imprensa livre, mas não uma imprensa livre que traz a informação através da cópia descabida. A falta de senso crítico dos veículos da informação virtual (imprensa muitas vezes chamada de "formadora de opinião") leva as pessoas a ter opiniões que não são ponderadas: fala-se qualquer asneira. Sou defensor da imprensa crítica, tanto aquela que é a favor de um governo, quando à que é contra. O importante é a informação ser de qualidade e crítica. Não simplesmente jogada e sintética. O Ctrl+C, Ctrl+V pode ser prático, mas definitivamente não acaba com a necessidade duma imprensa mais categórica.
Fontes:
[1: Caderno Mais! da Folha de S. Paulo, dia 30 de agosto de 2009, p. 8.]
Essa busca pela informação não sofre falta de oferta, pelo contrário: ela é muito maior que a procura, mesmo no Brasil, cujo índice de usuários com internet à mão ainda é baixo. Isso barateia a informação e amplifica seu acesso mais do que antigamente, quando se tinha que comprar jornais e revistas para acessar o jornalismo periódico impresso. Por um lado isso é muito saudável, porque aumenta a concorrência entre sites, que tentam proporcionar sempre uma busca pela melhor qualidade da informação o mais rápido possível. Por outro é negativo, porque os sites de notícia acabam caindo na tentadora esparrela do Ctrl+C, Ctrl+V, em que um site vai copiando a informação do outro sucessivamente, até que todos estejam com as mesmas coisas publicadas, muitas vezes pouco mudando o texto de um site para outro.
A informação, no meio virtual, significa mais "6 conjunto de atividades que têm por objetivo a coleta, o tratamento e a difusão de notícias junto ao público" do que "7 conjunto de conhecimentos reunidos sobre determinado assunto" (Dicionário HOUAISS). Mas essa premissa de que o que interessa é a mera informação jogada sintética e cruamente aos olhos do público leitor é bastante duvidosa. Muita gente ainda paga (não por falta de opção, mas porque quer pagar) para ter acesso a notícias mais elaboradas e reportagens mais bem feitas. Um bom exemplo disso é o jornal norte-americano "Wall Streel Journal", que "nunca abriu o site e tem hoje uma base de assinantes online de pouco mais de um milhão de pessoas que pagam US$5,00 por mês."[1] Dessa forma, o jornal preserva as suas notícia e disponiliza para o leitor colunas, espaço de opinião selecionada, entrevistas e reportagens, tudo isso com um viés mais crítico de que carece os sites de notícias na internet.
É claro que na internet há espaços como fóruns, grupos de discussão, de comentários etc. para que se opine sobre determinado assunto. Mas esses espaços, ou melhor, o público que neles escreve, sofrem da anomalia do "tudo publicável". O Ctrl+C, Ctrl+V da reportagem dá carta branca para que qualquer um escreva qualquer asneira ali, tornando o espaço de discussão uma ferramenta bastante útil nas mãos de pessoas com opiniões um tanto quanto esquizofrênicas.
Sou incondicional defensor da frase-clichê de Voltaire: "Não concordo com o que dizes, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-lo." Sou igualmente desejoso de uma imprensa livre, mas não uma imprensa livre que traz a informação através da cópia descabida. A falta de senso crítico dos veículos da informação virtual (imprensa muitas vezes chamada de "formadora de opinião") leva as pessoas a ter opiniões que não são ponderadas: fala-se qualquer asneira. Sou defensor da imprensa crítica, tanto aquela que é a favor de um governo, quando à que é contra. O importante é a informação ser de qualidade e crítica. Não simplesmente jogada e sintética. O Ctrl+C, Ctrl+V pode ser prático, mas definitivamente não acaba com a necessidade duma imprensa mais categórica.
Fontes:
[1: Caderno Mais! da Folha de S. Paulo, dia 30 de agosto de 2009, p. 8.]
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