sábado, maio 26, 2007

dicípulos histéricos

SOLETRANDO Não sabem quando eu mencionei a histeria? Pois bem. Eis mais um magnânimo exemplo!, só que dessa vez em forma de concurso, o qual - a propósito - se encerra hoje. É o chamado Soletrando, que o Luciano Huck no seu caldeirão tem promovido para aparentemente disseminar a chama do saber tão malquista pelos habitantes da nossa mãe gentil, pátria Brasil. O intento é épico, memorável! Sob o avará da Academia de Letras, o concurso é tido como uma forma de trazer cultura e educação para toda extensão nacional. Ora, meu senhores, nesse capítulo em que se encerra a saga, Huck, o apresentador, disse que o programa era um exemplo, e que as pessoas que o tivessem assistindo seguissem esse exemplo, buscando livros, e lendo - nem que fosse - revistas em bancas de jornais.
Eu concordo com a opinião do apresentador. Num país como o nosso de leitura tão (tão tão) escassa, qualquer pessoa que leia qualquer coisa já é de bom tamanho. Ninguém precisa sair por aí com Os Lusíadas no bolso, nem sabendo Machado de Assis de cabo a rabo. Uma Tititi, ou um Paulo Coelho já bastam! É tudo uma questão de caminhar, de saber construir uma base forte e fixa e de aprender a ler.
Repito: aprender a ler. Não a soletrar. O concurso de Huck é como um mero concurso de habilidades inúteis, como por exemplo abrir latas com os dentes em menor tempo. Saber soletrar palavras não faz ninguém melhor que um abridor de latas compulsivo. E ver pessoas soletrando palavras não instiga nada mais que um aprendizado de ortografia. Ortografia é educação, sim. Mas não é o primordial. É como decorar o dicionário. Não há nada de louvável nisso.
O que eu quero dizer é que as finalidades educacionais (tão exaltadas pelo programa) são as mesmas de um Show do Milhão, ou Qual é a música. A diferença são duas: a primeria é que a verdadeira intenção do programa (o prêmio) é mascarada. E a segunda é que ele é protagonizado por crianças bitoladas com seu dicionário de banheiro.
Onde entra a histeria? Simples. Faz-se um mito sobre um programa que é absolutamente banal e sem propósito. Uma balbúrdia em nome de uma coisa que na prática não existe.

Soletrar palavras. Tão educacional quanto saber as notas musicais, as cores do arco-íris, formas geométricas. Importantes? Até que são. Mas absolutamente insuficientes. De que adianta - novamente - ter a informação sem sintetizá-las?

(a propo, se alguém viu 'discípulos' escrito errado lá no título e não notou, se danou - viu como é irrelevante?)

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quarta-feira, maio 23, 2007

ah, meu zeus!

SÓCRATES Se eu tivesse tempo e dinheiro, eu estudaria Matemática, Geometria, Arquitetura, Teatro, Artes Plásticas, Música, Literatura, Lingüística (desdo grego arcaico até o tupi moderno - passando pelas indo-européias e as asiáticas), História, Geografia, Economia, Política, Antropologia, Teologia, Psicanálise, Filosofia, isso se eu não esqueci nada - o que provavelmente ocorreu.

Tô começando a achar que eu adoro não saber nada.

segunda-feira, maio 21, 2007

berimbau

No dia em que uma namorada minha me chamar de bebê, ela não mais verá a luz do dia.

Tá ligado?
meus deuses que tédio insuportável sabe quando você começa a pensar que fazer alguma coisa é contribuir com nada e que portanto você vai ficar o resto do dia trancado dentro do que quer que seja (pode ser você mesmo) então é assim que eu tô me sentindo e é chato chato porque não tem nada que te motive, nada que te instigue tipo "vai lá" tudo é meio que sem sentido digo sentido não propósito tudo é sem propósito sem significado medíocre uma coisa meio como catequisar os índios agora vem um e diz uma coisa e outro diz outra e recomeça aquela história de "nhé nhé nhé diz-que-diz-que" que eu odeio é tudo o que você pode fazer pra me tirar do sério e se quer saber acho que até "nhé nhé nhé diz-que-diz-que" vai ter algum sentido porque a vida anda tão sem graça quem sabe eu não preciso de alguma motivação

terça-feira, maio 15, 2007

céus

As coisas aqui estão horrívelmente mal escritas. Preciso rever meus conceitos, quem sabe melhoro. Afobação, sabe cumé?

domingo, maio 13, 2007

post número 40

PERSONALIDADES & DOMESTICAGENS Coisas que só acontecem aqui em casa:

- Olha!, o Enéas tenta matar a Helena!
- Quem!?, a Heloísa?
- Não, mãe, o do Virgílio!
(pausa essencial)
(risos absurdos)

Outra, interessante também:
- Mas, pera, Beatriz, Santa Luzia, Raquel. É muita mulher, tem algo errado.
- Mãe, a gente tá esquecendo que é uma comédia.
- Mas todo mundo leva o Dante a sério.
(pausa estratégica)
(risos absurdos)

Tem outras muitas também do mesmo mundo tragi-cômico daqui de casa. Mas essas foram as mais recentes que a memória se incumbiu de florecer.

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domingo, maio 06, 2007

hipertrofia de cérebros de ostra

HISTERIA Se um autor renomado fosse escrever um romance que começasse no começo desse século XX, ele poderia muito bem começar assim: Era no tempo da histeria. Não digo a histeria doença, aquela lá do Freud, não, não... Digo a histeria no sentido "2. comportamento caracterizado por excessiva emotividade ou terror pânico" (HOUAISS). A histeria que reza que jogar um papelzinho pela janela do carro é crime inafiançável, mas que dar uma robadinha é permitido. Ah, sim, existem grandes ícones magnânimos da histeria. O primeiro é o celular. A maquininha mais histérica de todas. Aquela que tira fotos, envia mensagens, joga jogos, toca mp3, vibra (até), tem rádio, televisão, toca clips, filmes, documentários, e -veja você!- até comercial em terceira dimensão. E tudo isso para a sua mais perfeita comodidade, perda de dinheiro e inutilidade, porque, afinal de contas, você compra e reduz o seu cérebro (que já deve ser reduzido) a um um pouco maior que o de uma ostra.
Veja agora como a coisa é curiosa, a histeria chega a tal ponto, que é preciso que o cinema reeduque as pessoas a não deixarem seu celular ligado. Ah, mas pode ser uma emergência. Óbvio. A emergência de que não tem pó de café em casa, e que a sua mãe volta de Miami na semana que vem - motivos super emergencias que requerem o celular ligado (altamente ligado) durante todo o maldito filme.
Compartilhar coisas com as pessoas tem se tornado cada vez mais difícil desde o advento e disseminação do iPod. Aquela porcariazinha que se enfia nos tímpanos pra ouvir de tudo, desde Ivete Sangalo no meio do shooping, até Mozart no ônibus lotado às 17:00h no caminho de volta para casa. E vejam como eu me divirto e me distraio sozinho, sem precisar de vocês, retardados que estão ao meu lado.
Agora diz. Diz aquela frase "vamos tirar uma foto?". A máquina digital traz pra você toda a facilidade de uma câmera adaptada ao mundo moderno. A mais última maneira de se banalizar coisas. Momentos, pessoas, fotografias. Tudo banalizado. Não ficou bom? Deleta e tira outra.

Eu fico particularmente ofendido com tudo isso. Ofendido com o retardado que não se separa do celular nem pra cagar, com o imbecil que não me fala bom dia, porque tem um fone enterrado nos ouvidos, com o cérebro de amêndoa que me pede pra tirar uma foto, que vai pro fotolog. É uma afronta, uma violência tamanha a quantidade de informações não-sintetizadas largadas pelo mundo. De que adianta todas essas informações, se as pessoas que as recebem não sabem aplicá-las? Eu espero que um dia alguém crie uma máquina de observar ridículos, e que essa máquina seja comprada, disseminada e esquecida. Afinal, eu também já me cansei de fazer críticas pra ninguém ouvir.

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