a máquina, o macaco e a relatividade
[ADVERTÊNCIA: Não tenho certeza de nenhuma das palavras escritas aqui. Quero críticas, xingamentos. Talvez nunca tenha escrito um texto tão sem sentido. Ou com tanto sentido. Talvez nunca tenha escrito um texto tão ambicioso. Ou tão ingênuo. Talvez nunca tenha entendido tão bem o resto do mundo. Ou eu mesmo. Talvez nunca tenha dito tanto. Ou tão pouco.]
PÓS-MODERNIDADE "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus." (JOÃ 1,1) Mas não vamos nos ater ao princípio, mas ao meio. De repende eis que surge um homem que é filho de deus e que é o primeiro homem. E o filho de deus prega o amor e a compaixão. E esse homem, depois de morto-ressucito, destrói um império. Depois surgem uns outros homens que dizem que a Terra é redonda, que a Terra gira em torno do Sol, que a Terra é o centro do universo. Vem um outro homem e diz que a Terra não é o centro do universo. Aí os homens descobrem a máquina e a máquina vira deus e a máquina é o centro do homem. E depois vem um homem que diz que o homem não vem de deus, massim do macaco. E então o macaco e a máquina são deus. O último homem que resta, que é gênio - não é homem -, diz que, então, tudo é relativo. As árvores, então, se movem. O Sol, então, gira em torno da Terra. O tempo, então, muda quando há movimento. Então o gênio disse: "Faça-se a relatividade!" E a relatividade foi feita. E o gênio viu que a relatividade era boa. Então a máquina, o macaco e a relatividade eram deus. No final era a máquina, o macaco e a relatividade. E a máquina, o macaco e a relatividade estavam junto do homem. E a máquina, o macaco e a relatividade eram o homem.
***
Mas e o agora? A gente debocha falando da "pós-contemporaneidade", "da sociedade pós-moderna". Mas e quando paramos pra tentar entender e dar significado a esses termos, a que conclusão chegamos? Normalmente à clássica "definir é limitar" ou à aceitação de todas as doutrinas, ou ao, não menos clássico, "o ponto de vista define o objeto". Independente de qual das três, todas fogem das respostas.
Se aquilo que é "moderno" é, toscamente, a reunião das produções humanas pós segunda revolução industrial, que abarca especialmente o final do século XVIII até a década de 70 do século passado, o depois-disso é mistério, é névoa, é virtual.
O pós-moderno, como não poderia deixar de ser, é o que vem depois do moderno. E o moderno tem três pilares fundamentais: a máquina, o macaco e a relatividade. E todos eles têm a ciência como base fundamental. A máquina responde o "para onde vamos", o macaco responde o "de onde viemos", a relatividade responde o "o que somos". E, assim, num passe de mágica, o homem tem a explicação técnico-científica perfeita para todas as questões impostas pelo racionalismo que rege a sociedade ocidental desde o Renascimento.
(Ambiciosa, a afirmação.)
Nietzsche matou deus, coitado. Para tentar devolver a mágica inexplicável e redentora do mundo - detonada pelo avanço científico e pelo fim do rito e dos dogmas religiosos -, a modernidade tenta dar à arte um tom divino, dionisíaco (exemplificado perfeitamente pelo primitivismo de Picasso, de Schönberg, de Oswald de Andrade e de Brecht). A pós-modernindade, na contramão desse movimento, está saturada de racionalidade e tenta pelo fim do conceito de "distância" redimensionar os conceitos de espaço e tempo.
A distância acabou e, junto com ela, foi embora a racionalidade. Pensar o mundo não faz mais sentido se o mundo já foi anteriormente pensado e se toda essa bagagem está prêt-à-porter na rapidez de um clique. A compreensão do tempo também se transformou. Deixou de ser um tempo cronológico, retilíneo, para ser um tempo simultâneo. E essas duas transformações básicas convergem para outras duas novidades: a aceitação da futilidade e da embriaguez.
Por "aceitação da futilidade" entenda a desvontade que paira sobre os pós-modernos. A aceitação da futilidade é não dar mais valor àquilo que é racional, que é compreensível. É aceitar as coisas como são, com uma passividade surda. Um exemplo disso é a relutância que as pessoas têm de entender as coisas. Ninguém mais quer entender. Ninguém mais quer questionar. As coisas, para os pós-modernos, estão bem como estão. Apatia.
A "aceitação da embriaguez" é a massificação estrondosa do uso de narcóticos. O uso de substâncias entorpecentes nunca foi tão disseminado e, pasme, tão aceito.
Não está aqui declarado o fim da ciência. Nem o fim da religião. Mas a saturação da racionalidade e suas consequências mais diretas. Pelo menos aquelas que pude observar. Em mim e nos outros.
PÓS-MODERNIDADE "No princípio era o Verbo, e o Verbo estava junto de Deus e o Verbo era Deus." (JOÃ 1,1) Mas não vamos nos ater ao princípio, mas ao meio. De repende eis que surge um homem que é filho de deus e que é o primeiro homem. E o filho de deus prega o amor e a compaixão. E esse homem, depois de morto-ressucito, destrói um império. Depois surgem uns outros homens que dizem que a Terra é redonda, que a Terra gira em torno do Sol, que a Terra é o centro do universo. Vem um outro homem e diz que a Terra não é o centro do universo. Aí os homens descobrem a máquina e a máquina vira deus e a máquina é o centro do homem. E depois vem um homem que diz que o homem não vem de deus, massim do macaco. E então o macaco e a máquina são deus. O último homem que resta, que é gênio - não é homem -, diz que, então, tudo é relativo. As árvores, então, se movem. O Sol, então, gira em torno da Terra. O tempo, então, muda quando há movimento. Então o gênio disse: "Faça-se a relatividade!" E a relatividade foi feita. E o gênio viu que a relatividade era boa. Então a máquina, o macaco e a relatividade eram deus. No final era a máquina, o macaco e a relatividade. E a máquina, o macaco e a relatividade estavam junto do homem. E a máquina, o macaco e a relatividade eram o homem.
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Mas e o agora? A gente debocha falando da "pós-contemporaneidade", "da sociedade pós-moderna". Mas e quando paramos pra tentar entender e dar significado a esses termos, a que conclusão chegamos? Normalmente à clássica "definir é limitar" ou à aceitação de todas as doutrinas, ou ao, não menos clássico, "o ponto de vista define o objeto". Independente de qual das três, todas fogem das respostas.
Se aquilo que é "moderno" é, toscamente, a reunião das produções humanas pós segunda revolução industrial, que abarca especialmente o final do século XVIII até a década de 70 do século passado, o depois-disso é mistério, é névoa, é virtual.
O pós-moderno, como não poderia deixar de ser, é o que vem depois do moderno. E o moderno tem três pilares fundamentais: a máquina, o macaco e a relatividade. E todos eles têm a ciência como base fundamental. A máquina responde o "para onde vamos", o macaco responde o "de onde viemos", a relatividade responde o "o que somos". E, assim, num passe de mágica, o homem tem a explicação técnico-científica perfeita para todas as questões impostas pelo racionalismo que rege a sociedade ocidental desde o Renascimento.
(Ambiciosa, a afirmação.)
Nietzsche matou deus, coitado. Para tentar devolver a mágica inexplicável e redentora do mundo - detonada pelo avanço científico e pelo fim do rito e dos dogmas religiosos -, a modernidade tenta dar à arte um tom divino, dionisíaco (exemplificado perfeitamente pelo primitivismo de Picasso, de Schönberg, de Oswald de Andrade e de Brecht). A pós-modernindade, na contramão desse movimento, está saturada de racionalidade e tenta pelo fim do conceito de "distância" redimensionar os conceitos de espaço e tempo.
A distância acabou e, junto com ela, foi embora a racionalidade. Pensar o mundo não faz mais sentido se o mundo já foi anteriormente pensado e se toda essa bagagem está prêt-à-porter na rapidez de um clique. A compreensão do tempo também se transformou. Deixou de ser um tempo cronológico, retilíneo, para ser um tempo simultâneo. E essas duas transformações básicas convergem para outras duas novidades: a aceitação da futilidade e da embriaguez.
Por "aceitação da futilidade" entenda a desvontade que paira sobre os pós-modernos. A aceitação da futilidade é não dar mais valor àquilo que é racional, que é compreensível. É aceitar as coisas como são, com uma passividade surda. Um exemplo disso é a relutância que as pessoas têm de entender as coisas. Ninguém mais quer entender. Ninguém mais quer questionar. As coisas, para os pós-modernos, estão bem como estão. Apatia.
A "aceitação da embriaguez" é a massificação estrondosa do uso de narcóticos. O uso de substâncias entorpecentes nunca foi tão disseminado e, pasme, tão aceito.
Não está aqui declarado o fim da ciência. Nem o fim da religião. Mas a saturação da racionalidade e suas consequências mais diretas. Pelo menos aquelas que pude observar. Em mim e nos outros.
Marcadores: contemporaneidades, história