segunda-feira, setembro 03, 2007

epische Geschichte

LYGIA FAGUNDES TELLES Eu nem precisava voltar lá. Já tinha ido, já tinha me divertido, já tinha palhaçado com os amigos, já tinha comprado todos os livros que me apeteciam (ou o dinheiro já se tinha esgotato?), enfim. Mas ao descobrir que dali alguns dias Lygia Fagundes Telles estaria falando do Invenção e Memória naquela Bienal do Livro, não me contive e voltei.

Cheguei atrasado, mas consegui arranjar um lugar bom. O auditório não tava tão cheio, e também não era grande. Sentada, numa poltrona azul, estava ela lá, com o microfone na mão. Falou do Largo São Franscisco, de Mário de Andrade, Natal na Barca, escrever, a escola romântica, Hilda Hilst?, sonhar... Tudo ali, pra algumas fileiras a frente.

Ao final da palestra, foi dada a largada, e os - muitos - interessados se aglomeraram em volta da poltrona, pra conseguir um autógrafo, uma troca de palavras com a escritora. Entre os desesperados, estava eu, segurando meu livrinho (comprado dois anos antes do acontecido por coincidência na Bienal do Livro anterior), torcendo. A "fila" desregrada foi andando, fui me aproximando, as pessoas foram saindo.

Eis que os seguranças - como a uma Madonna? - fizeram um círculo em torno dela, num gesto que aqui certamente significa algo como "se mandem seu bando de fanático, que ela vai embora". Bateu um desespero. Argumentei com um segurança "Moço, eu vim aqui só pra falar com ela, por favor. Não quero muito, só um aperto de mão!". Ele virou com toda a displicência que é característica de todo segurança, e disse "não posso fazer nada". Ah, mas podia, o feladaputa.

O desespero foi mais forte, me esgueirei por entre os seguranças e cutuquei o ombro dela, "Dona Lygia?", ela se vira e eu completo "só um aperto de mão?". E ela me estende a mão com uma fisionomia séria ainda que absolutamente confortante, agora não tinha segurança que me impedisse. Eu falei alguma coisa que agora não consigo me lembrar o quê. Algo como "boa parte da minha estante é dedicada à senhora, se puder..." E entreguei meu livro. Ela abriu, e
- Seu nome?
- Miguel.
- Miguel! Adoro esse nome! Direto!, sem delongas, esses nomes longos que as pessoas põem...

Assinou, pôs lá, "Para Miguel, lembrança de Lygia Fagundes Telles". Saí de lá com três coisas. Um autógrafo da escritora que mais considero. A melhor definição do meu próprio nome. E um mote: viva e destrua barreiras, a começar pelas humanas.

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2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

Adoooro A Ligia Fagundes Teles. Pra ser sincera faz muito tempo que nao leio nada dela, mas quando estava na sexta ou sétima série li alguns livros dela e lembro de ter gostado muito.

Vc eh um sortudo!

4/9/07 20:04  
Anonymous Anônimo said...

Acho que agiria com uma menininha em show de boyband se a visse. ou talvez a solenidade do momento fosse tão intensa que me deixaria muda.

5/9/07 19:11  

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