segunda-feira, fevereiro 12, 2007

parnaso-candango

BRASÍLIA Relacionando cidades a movimentos literários, São Paulo seria a modernista, o Rio a naturalista, Ouro Preto (Vila Rica) a clássica, Salvador barroca. Brasília seria parnasiana. Parnasiana pela dureza do verso, uma construção a la João Cabral. Parnasiana pela clareza e pela lucidez. Parnasiana pelas linhas retas, pela retidão semântica. Parnasiana pela falta de esquinas, pela falta de enroscos. Parnasiana pela pluralidade material. Parnasiana pela razão.

Se Brasília fosse uma poesia, não seria concreta como normalmente se pensaria. Seria parnasiana. O concreto é sua matéria prima... sua essência é parnasiana. Evita-se poetizar Brasília, filmá-la, divulgá-la. Brasília foi uma grande revolução baseada na complexa simplicidade. Clarisse Lispector a definiu como "o fracasso do mais espetacular sucesso do mundo". Como também pode-se definir a escola parnasiana. O resto é poeira candanga.

Marcadores: ,

2 Comments:

Anonymous Anônimo said...

ronald claver escreveu que armando nogueira é o maior parnasiano vivo. e isto não era exatamente um elogio. compartilha disto?

12/2/07 22:34  
Blogger Rafael Costa said...

a questão é que vivemos numa sociedade/mundo no qual os símbolos têm uma grande importancia pro estado de coisas.

e daí que a morte do menino foi o símbolo da nossa falência enquanto país.

foi a gota d'agua, embora o copo já tenha transbordado faz tempo - como eu disse pro gabriel.

13/2/07 21:37  

Postar um comentário

<< Home