re-descoberta
POESIA Foi com Manoel de Barros que descobri que nada é por acaso:
I. (estrofre)
"Importante sobremaneira é a palavra repositório;
a palavra repositório eu conheço bem:
tem muitas repercuções
como um algibe entupido de silêncio
sabe a destroços"
(In.: Matéria de Poesia, Manoel de Barros, p. 14)
PASSEIO Nº4
"O homem se olhou: só o seu lado de fora subindo
a ladeira...
Caminhos que o diabo não amassou - disse.
Atrasou o relógio.
Viu um pouco de mato invadindo as ruínas de
sua boca!"
(In.: Matéria de Poesia, Manoel de Barros, p. 41)
A poesia de Manoel de Barros não é apenas surrealista. Tem o lirismo de Manuel Bandeira, a rigidez auto-crítica de João Cabral, o enigma drummondiano e é sucinta como as de Quintada e Oswald de Andrade. E foi com essa poesia que - apesar de ter resquícios regionalistas - finalmente entendi que nada é por acaso. Mesmo depois de termos passado pelas transformações do modernismo, ainda insitem em dizer que poesia é inspiração, que é fumar um charuto ou tomar um absinto que se resolve o problema. O modernismo, de certa forma, só piorou a situação. Sem rima, sem métrica, o poema se tornou algo por pouco banal - qualquer um pode fazer. Será? Manter lirismo e ritmo é um desafio triplicado sem os recursos que foram abandonados. E Manoel de Barros o faz. Além disso, introduz uma poesia com traços surrealistas sem perder o foco e torná-la uma coisa arbitrária. Mantém as rédeas firmes e constrói uma poesia incrível e digna de fama. Redescobri a poesia com Manoel de Barros, e melhor, entendi finalmente que poesia é processo, é trabalho.
O algibe está para os destroços, assim como o repositório está para a poesia.
O segundo, deixo pra vocês.
I. (estrofre)
"Importante sobremaneira é a palavra repositório;
a palavra repositório eu conheço bem:
tem muitas repercuções
como um algibe entupido de silêncio
sabe a destroços"
(In.: Matéria de Poesia, Manoel de Barros, p. 14)
PASSEIO Nº4
"O homem se olhou: só o seu lado de fora subindo
a ladeira...
Caminhos que o diabo não amassou - disse.
Atrasou o relógio.
Viu um pouco de mato invadindo as ruínas de
sua boca!"
(In.: Matéria de Poesia, Manoel de Barros, p. 41)
A poesia de Manoel de Barros não é apenas surrealista. Tem o lirismo de Manuel Bandeira, a rigidez auto-crítica de João Cabral, o enigma drummondiano e é sucinta como as de Quintada e Oswald de Andrade. E foi com essa poesia que - apesar de ter resquícios regionalistas - finalmente entendi que nada é por acaso. Mesmo depois de termos passado pelas transformações do modernismo, ainda insitem em dizer que poesia é inspiração, que é fumar um charuto ou tomar um absinto que se resolve o problema. O modernismo, de certa forma, só piorou a situação. Sem rima, sem métrica, o poema se tornou algo por pouco banal - qualquer um pode fazer. Será? Manter lirismo e ritmo é um desafio triplicado sem os recursos que foram abandonados. E Manoel de Barros o faz. Além disso, introduz uma poesia com traços surrealistas sem perder o foco e torná-la uma coisa arbitrária. Mantém as rédeas firmes e constrói uma poesia incrível e digna de fama. Redescobri a poesia com Manoel de Barros, e melhor, entendi finalmente que poesia é processo, é trabalho.
O algibe está para os destroços, assim como o repositório está para a poesia.
O segundo, deixo pra vocês.
Marcadores: crítica
1 Comments:
eu gosto tanto do manoel.
(:
e achei tao corajoso vc chama-lo de surrealista. essa seria o ultimo adjetivo q eu usaria pra ele. há pessoalidade demais nos versos. muito mais q um ismo. ele não é nem um pouco modernista. ou qualquer ista, que queiram. ele é sabiá. e, sin, poesia nao eh nada mais do q trabalho.
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